segunda-feira, 10 de março de 2008

RINGO STARR - Liverpool


Texto escrito por André Toso e com participacão minha. Publicado na revista Bateria & Percussão. Meu parágrafo é o último. e eu escrevi antes de ter visto o Dakota Building.

Sempre que um ex-Beatle lança um trabalho-solo, as expectativas são enormes e a cobertura da imprensa especializada é massiva. E isso acontece mesmo quando se trata do integrante menos badalado da banda inglesa. Ringo Starr sempre foi considerado uma espécie de patinho feio dos Fab Four. O rapaz que fica atrás da bateria, faz o arroz com feijão e não tem nenhuma característica genial. Tudo besteira. Ringo foi ótimo baterista e ajudou muito a desenvolver o instrumento.

O problema é tentar comparar sua obra solo com a de Paul McCartney. Aí é covardia mesmo. O último álbum de Paul, Memory Almost Full, prova que Ringo vai ter que comer muita poeira para chegar aos pés do companheiro. Por essas e outras, em Liverpool 8 nenhuma novidade é apresentada. Boas canções, com letras festivas em homenagem à cidade natal, boa instrumentação e o mais do mesmo. Nenhuma grande novidade. Mas quem se importa? As doze faixas do álbum são extremamente divertidas e fáceis de decorar. Enfim, ótimas canções pop para colocar no som e não se preocupar com nada.

A primeira faixa, “Liverpool”, é quase um hino composto para a cidade. Ela se inicia lenta, em poucos minutos ganha contornos de ode à felicidade e desemboca em coros, palmas e uma verdadeira saudação nostálgica. A faixa seguinte, “Think About You”, é daquelas canções que grudam na cabeça com facilidade extrema. Apesar de muitos não gostarem da voz de Ringo, ele segura muito bem a onda e é ajudado por coros massivos, que sustentam as canções e possibilitam o equilíbrio necessário no tom emotivo.

A música que apresenta as características mais diferentes é “Now That She's Gone Away”. Uma canção cheia de groove, extremamente empolgante e bem composta. Ela é seguida por “Gone Are the Days”, uma experimentação eletrônica com um início que pode chocar os mais tradicionalistas. É necessário, também, ressaltar a beleza da música “Love is”. Sim, é uma canção romântica bem clichê, mas é singela e bela como só um ex-Beatle seria capaz de criar.

É inegável dizer que a sombra dos Beatles está presente em todas as faixas de Liverpool 8. Ringo parece querer mostrar o que teria acontecido se, há 28 anos, John Lennon não estivesse na porta do Dakota Bulding. Nos dias de hoje, teriam eles arriscado revivals, homenagens à rainha ou concertos beneficentes? Perceberiam que o término tratara-se de um erro? De todos os Beatles, Ringo seria com certeza aquele que pediria desculpas e voltaria a tocar. Nas baquetas de Ringo e nas canções de seu novo CD ainda resta vivo um pouco de tudo aquilo que foram os Beatles.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tá, admito: o último parágrafo é a melhor parte da crítica...

Eduardo Neto disse...

they are going to put him in the movies!